Depois de abordar a impressão dos profissionais de RH das pequenas e médias empresas (PMEs) sobre o processo de recrutamento e seleção nas suas companhias, agora o GetApp se debruça na opinião dos candidatos: como eles vêm e o que eles esperam desse primeiro contato com uma empresa?

Neste artigo
No último ano, 60% das pessoas que buscavam um emprego participaram de uma média de 2 a 4 processos seletivos, de acordo com nova pesquisa do GetApp sobre recrutamento e seleção.
Num novo cenário laboral, que traz movimentos como a Grande Resignação, que tem levado 500 mil brasileiros por mês a pedir demissão, investigamos se o modelo híbrido de trabalho, a questão salarial frente a flexibilidade horária e as práticas de diversidades são tão fundamentais assim para convencer um candidato a aplicar a uma vaga.
Atrair a nova leva de profissionais, com novos anseios, pode ser um desafio. O uso de tecnologia como software de recrutamento e seleção e sistema de gestão de talentos podem ser essenciais para ajudar trabalhadores de RH nessa saga.
Para essa nova pesquisa, o GetApp entrevistou 830 profissionais, de 18 a 65 anos, que participaram de pelo menos um processo seletivo de recrutamento no último ano, tomando o mês de setembro de 2022 como ponto de partida (confira a metodologia completa no final do artigo).
7 de cada 10 avaliam oportunidade de progressão na carreira ao se candidatar a uma vaga
Uma das principais consequências da pandemia de COVID-19 foi a antecipação da tendência do trabalho híbrido, graças à necessidade do distanciamento social. Com a mesma rapidez que o modelo chegou, foi capaz de estabelecer importantes mudanças: desde o estabelecimento de novas normas que regulamentam o teletrabalho ao surgimento de uma nova demanda dos profissionais no âmbito corporativo, já que o modelo híbrido é tratado como um dos principais fatores de atração de candidatos a uma vaga de emprego.
No entanto, na pesquisa do GetApp, quando questionados quais elementos servem de motivadores para a candidatura a uma vaga de trabalho, apenas 15% dos respondentes disseram levar a política de trabalho híbrido em consideração, aparecendo na sétima posição entre nove fatores analisados. Uma justificativa para este cenário seria o fato que algumas empresas mantiveram o sistema híbrido de trabalho, o que já pode levar os candidatos a assumirem que esse é o novo normal no mercado laboral.

Como demonstra o gráfico acima, o elemento que os entrevistados mais levam em conta ao aplicarem a uma vaga é a oportunidade de crescimento em uma empresa (74%), algo que pode ser estimulado especialmente com a viabilização de treinamentos corporativos para que os funcionários adquiram novas habilidades profissionais.
Em seguida, a remuneração competitiva aparece em segundo lugar, sendo um fator selecionado por 55% dos respondentes. Já a terceira posição é ocupada por horário de trabalho flexível (39%).
Vale notar que os dois primeiros motivos citados pelos candidatos –oportunidade de crescimento e remuneração competitiva– refletem a percepção dos profissionais de RH sobre quais seriam os principais motivadores dos funcionários ao se candidatar a uma vaga, compartilhada na primeira parte da pesquisa sobre recrutamento e seleção.
Naquele estudo, 51% dos trabalhadores de RH entrevistados pelo GetApp disseram ter a percepção de que a oportunidade de progressão na carreira é o aspecto mais importante para os candidatos ao aplicarem a uma vaga. Abaixo, o gráfico compara a percepção dos dois grupos sobre os fatores considerados pelos candidatos ao postular a uma vaga de emprego –a comparação foi realizada com os cinco elementos comuns aos dois levantamentos.

Por último, de volta ao estudo com foco em candidatos a uma vaga, o último elemento que os postulantes levam em consideração na candidatura é a política de diversidade, equidade e inclusão (DEI) da empresa, já que somente 11% dos entrevistados sinalizaram que este aspecto é importante.
A importância de investir em diversidade
Apesar de os candidatos terem sinalizado que diversidade e inclusão não é um fator determinante para decidirem se candidatar a uma vaga de emprego, ainda assim é importante que as empresas invistam em DEI. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os ambientes diversos e inclusivos são capazes de aumentar os índices de inovação e desenvolvimento.
Salário é fator importante para candidatos aceitarem uma oferta
Embora os respondentes tenham destacado a progressão na carreira como o principal motivador para se candidatarem a uma vaga de emprego, quando aceitam ou recusam uma oferta, esse não parece ser o elemento decisório.
Na hora de dar o aceno positivo a uma oferta de trabalho, é a remuneração oferecida pela empresa que fala mais alto. Pelo menos é o que sinaliza 36% dos respondentes que receberam uma oferta de trabalho e a aceitaram. Fatores como pacote de benefícios (22%) e oferecimento de trabalho remoto/híbrido (13%) também se mostraram aspectos importantes para entrevistados desse mesmo grupo.
Para os entrevistados que receberam uma oferta de trabalho e não aceitaram, o salário novamente foi o protagonista; mas dessa vez, da recusa. Segundo o estudo, metade dos entrevistados (50%) disseram “não” à oferta porque ela “não coincidia com sua expectativa salarial”.

Se os entrevistados recebem uma oferta de emprego, significa que chegaram ao final do processo seletivo. Entretanto, chegar até esse ponto para enviar uma recusa pode acarretar em perda de orçamento e tempo dos profissionais de RH no processo de preenchimento de uma vaga.
Muitas vezes, o que pode levar a esse problema é a falta de informação sobre a remuneração. Na primeira parte da pesquisa, que entrevistou profissionais de RH, 9 de cada 10 entrevistados (95%) relatou que sua empresa inclui o salário nas descrições de emprego –esse percentual é a soma entre as empresas que incluem “sempre” e as que incluem “às vezes”. Apesar disso, o fato de metade dos entrevistados que recusaram uma oferta de trabalho terem feito isso por causa do salário indica que a divulgação do salário realmente não é a regra.
Vale enfatizar que atualmente está em tramitação um projeto de lei que obrigaria as empresas a divulgarem a remuneração já no anúncio da vaga. Caso seja aprovado, as companhias deverão se adequar à norma, senão estarão sujeitas a multa de até cinco salários mínimos.
Outro ponto importante sobre essa questão é o fato de os candidatos entrevistados pelo GetApp terem se mostrado abertos a tocar no tema salarial:
- Mais de dois terços (66%) dos candidatos entrevistados se mostraram confortáveis em abordar o tópico salário já nas primeiras entrevistas –31% se disseram um pouco confortáveis e 35% se mostraram muito confortáveis.
- Cerca de 4 de cada 10 respondentes (39%) creem que a transparência salarial é um dos fatores que contam para se ter um processo de recrutamento tranquilo e fácil.
Empresas que querem se adequar a essa demanda devem, antes de tudo, possuir políticas claras em relação à remuneração, mapeando fatores que vão desde cargos até competências. Nesse sentido, o uso de sistemas de gestão de talentos pode ajudar na tarefa de mapeamento de remuneração, já que o sistema permite armazenar informações dos funcionários, como salários e treinamentos.
89% dos processos de recrutamento levam até um mês
O tempo médio de seleção de um profissional pode variar em cada empresa porque diferentes elementos influenciam o processo. Alguns fatores que podem interferir, na opinião de profissionais de RH, podem ser:
- Nível hierárquico da vaga;
- Quantidade de candidatos;
- Aplicação de testes e avaliações comportamentais;
- Obtenção de referências profissionais;
- Conciliação da agenda de avaliadores e candidatos;
- Uso de tecnologia no processo.
Da primeira entrevista até o recebimento de uma oferta de trabalho, 89% dos entrevistados do GetApp disseram que o processo de recrutamento dura até um mês, em média. Vale ressaltar que essa percepção é resultado da própria experiência dos candidatos participando de processos de recrutamento.
No entanto, o período varia dentro dessa porcentagem. O mais comum é que o processo ocorra entre uma semana e duas semanas (39%) ou até de duas semanas a três semanas (24%). Por outro lado, parece ser raro que se desenrole em mais de seis semanas (3%).

O tempo médio do processo de recrutamento no Brasil parece ter diminuído nos últimos anos quando se compara com pesquisas anteriores. Em 2017, um estudo do Glassdoor apontava, em termos globais, que o processo de entrevista demorava cerca de 23,7 dias. Já quando se analisava apenas o Brasil essa média era de 39,6 dias (conteúdo em inglês), a mais alta entre os 25 países analisados no estudo.
Um dos fatores que pode justificar essa redução de tempo é o uso de tecnologia no setor, como software de recrutamento e seleção. Na primeira parte da pesquisa do GetApp sobre seleção de talentos, que entrevistou profissionais de RH que atuavam em PMEs, 95% disseram acreditar que a tecnologia transformou a maneira de selecionar candidatos; desses profissionais, 69% declararam que suas empresas já usam novas tecnologias para recrutamento, como ferramentas de automação e inteligência artificial (IA).
Inclusive, especialistas da área ressaltam que, além do alinhamento cultural, o uso de sistemas para RH agregam ao processo e podem ajudar a acelerá-lo.
Tecnologias para o processo de seleção e recrutamento
– Agendamento de compromissos: esse tipo de sistema permite automatizar a marcação de entrevistas. Com ele, o profissional de RH pode criar uma agenda própria, selecionar os horários que estará disponível e enviar um link para que o candidato escolha um horário que melhor lhe convenha.
– Software de recrutamento: esse software é capaz de comparar as habilidades dos candidatos com os requisitos de uma vaga. Além disso, permite que se mantenha um banco de dados com informações de candidatos que postularam a uma oferta.
– Software de entrevista de vídeo: essa ferramenta permite que os recrutadores realizem entrevistas online ao vivo com o candidato, ajudando em etapas como agendamento da entrevista e envio de notificações. Ele também pode ser usado para a organização do envio de vídeos pré-gravados dos candidatos respondidos a partir de perguntas de recrutadores.
37% dos candidatos buscam vagas de emprego em redes sociais
Esqueça os murais de vagas de empregos ou anúncios de oportunidades laborais em jornais: o principal formato para buscar um emprego é no ambiente digital. Sabendo disso, é importante que as empresas compartilhem seus anúncios nas plataformas em que os candidatos estão em busca de oportunidades.
De acordo com o levantamento do GetApp, o LinkedIn (51%) lidera com alguma folga como a plataforma mais utilizada pelos candidatos para procurar emprego. No gráfico abaixo, listamos as plataformas especializadas na publicação de anúncios de emprego mais usadas pelos entrevistados.

Depois do LinkedIn, as pessoas sinalizaram que usam as redes sociais com o objetivo de encontrar vagas de emprego (37%). Essa ação pode acontecer em plataformas que estimulam a criação de grupos, como o Facebook ou WhatsApp, onde o usuário pode se reunir em torno de tópicos específicos, facilitando a busca em determinadas indústrias. As plataformas Vagas (29%) e Curriculum (27%) aparecem logo em seguida.
Na hora de divulgar um anúncio de emprego, é importante considerar qual plataforma pode suprir melhor suas necessidades. Se está em busca de profissionais da área de tecnologia, o LinkedIn parece ser a melhor opção para esse tipo de demanda. Caso a intenção seja contratar profissionais com foco em diversidade, vale a pena considerar o uso de consultorias de diversidade.
Também é importante notar que o boca a boca ainda possui um peso relevante na busca por um emprego: 25% disseram que costumam procurar emprego “por meio de pessoas conhecidas”. Para lidar com este comportamento, a companhia deve considerar o investimento em um sistema de recomendação –na primeira parte da pesquisa conduzida pelo GetApp, 79% disseram que sua empresa estimula, de alguma maneira, a recomendação de talentos.
Destaques da pesquisa
Na investigação do GetApp sobre recrutamento de pessoas, esses são os principais achados:
- Candidatos consideram a oportunidade de progressão como principal motivador para aplicarem a uma vaga de emprego.
- No entanto, o estudo mostrou que, na hora de aceitar ou não uma oferta, é o salário que falou mais alto para os candidatos.
- A maioria dos candidatos (66%) diz se sentir confortável discutindo salário já nas primeiras entrevistas de emprego.
- Um mês foi o tempo máximo empregado pelas empresas para o recrutamento de pessoas, segundo a opinião de 89% dos respondentes.
- O principal canal que os candidatos mais usam para encontrar trabalho é o LinkedIn (51%).
Metodologia
Os dados presentes nesta segunda parte do estudo foram compilados a partir de um levantamento online realizado em setembro de 2022, contando com a participação de 830 pessoas de idades entre 18 e 65 anos.
Para participar do estudo, os entrevistados deveriam ser trabalhadores em tempo parcial ou integral, além de trabalhar em pequenas e médias empresas (com mais de dois até 250 colaboradores). Os participantes deveriam ter participado de pelo menos um processo de recrutamento no último ano.
Os resultados são representativos da pesquisa, mas não necessariamente da população como um todo.
NOTA: Este artigo, embora cite plataformas e outros produtos digitais como exemplos, não pretende endossar nenhuma marca ou empresa.