Redes sociais de vídeo: 46% realizam buscas de conteúdo nessas plataformas mais de cinco vezes por dia

Publicado em 05/07/2023 Escrito por Marcela Gava.

Novo estudo do GetApp mostra quase metade dos usuários empregando plataformas de vídeo para realizar buscas online. Neste artigo, além de apresentarmos dados sobre o consumo de vídeo, consultamos especialistas para ajudar-nos a interpretar os movimentos em torno desse formato tão dinâmico.

Artigo reúne dados e discussões acerca das redes sociais de vídeos

Foi-se o tempo em que a criação de vídeos por empresas exigia grandes orçamentos e o investimento em equipamentos caros. Celulares e outros dispositivos móveis passaram a incluir recursos de alto nível para a gravação de vídeos com alta definição e efeitos, permitindo que mais pessoas e empresas pudessem realizar suas próprias filmagens. Além disso, o acesso a programas para a edição que, muitas vezes, possuem uma interface simplificada também passaram a colaborar com a qualidade final da filmagem e ajudaram a incrementar a produção e deixar o amadorismo para trás.

A mudança de panorama fez com que o vídeo marketing –nome dado às estratégias de comunicação promocional das empresas que incluem o uso de vídeos– também se transformasse em uma possibilidade de estratégia para as pequenas e médias empresas (PMEs), pois elas puderam impulsionar sua presença online através da criação de canais em plataformas de vídeo e compartilhamento de conteúdo dinâmico. 

Neste artigo, o GetApp reúne dados inéditos sobre o consumo de vídeo no Brasil, que foram compilados através de uma pesquisa com 1.033 respondentes que usam pesquisas online pelo menos uma vez por mês. No entanto, para fins do estudo, focaremos em um segmento que inclui 656 respondentes que declararam usar redes sociais de vídeo para realizar pesquisas online –veja a metodologia completa no final do artigo. 

Para complementar a análise, convidamos especialistas em campanhas de vídeo para comentar alguns de nossos achados.  

Brasil lidera no uso de plataformas de vídeo para realizar buscas online 

Qual o alcance do consumo de vídeo no Brasil? Um estudo do IBOPE mostra que é enorme: 99,6% dos brasileiros assistiram vídeos em 2022, independentemente do formato da tela. Não só é grande a quantidade de pessoas consumindo conteúdo audiovisual como também a frequência de acesso a esse formato, especialmente para realizar pesquisas online.

O estudo do GetApp mostra que, dos entrevistados que usam redes sociais de vídeo para pesquisar online, a maioria das pessoas (46%) usa essas plataformas mais de cinco vezes por dia para buscar conteúdo. No âmbito global, a frequência do consumo de vídeos no Brasil para pesquisar online é, de longe, a maior em relação aos demais países em que o GetApp ou uma de suas marcas afiliadas está presente e que lançaram a mesma investigação, conforme mostra o gráfico abaixo. 

Brasil tem a maior frequência de busca por conteúdo online

O conteúdo em vídeo estimula os sentidos visual e auditivo. Através de imagens em movimento, sons, animação, trilha sonora e outros elementos, pode ser até mais fácil ajudar usuários a entender conceitos por meio de vídeos do que em texto, já que o cérebro processa de maneira diferente esse tipo de conteúdo e faz com que o usuário não tenha que pensar muito ao consumir vídeos.

No que corresponde ao principal motivo que faz as pessoas usarem plataformas de vídeo para suas pesquisas online, é justamente a capacidade de ser interessante que fala mais alto. Para os usuários, o principal diferencial é que o conteúdo em vídeo é mais envolvente (33%). 

Outros motivos são a facilidade de encontrar resultados (27%), a qualidade (20%) e o fato de que os resultados são mais precisos do que em outras plataformas de redes sociais ou motores de busca (20%).

Lucas Amarildo, especialista em YouTube e fundador da Pulzer, também explica que a expectativa por encontrar respostas completas e eficientes no formato de vídeo pode motivar muitos usuários a recorrerem direto a plataformas como YouTube quando querem resolver uma dúvida, aprender algo novo, inspirar-se ou simplesmente se entreter. "Somado a isso, vemos cada vez mais buscadores como o Google exibindo sugestões de vídeo no topo dos resultados de pesquisa", comenta.

Para especialista, o consumo de vídeos é algo natural até mesmo pela forma como a internet está estruturada atualmente

Dessa forma, a própria dinâmica das redes sociais, priorizando vídeos, parece ser essencial para esse guinada em prol do conteúdo audiovisual.

Para maioria, os vídeos melhoram a retenção de informação

Dentro do contexto em que o vídeo engaja porque inclui elementos que estimulam diferentes sentidos, questionados se o consumo de conteúdo em vídeo afeta como entende ou retém informação, 58% disseram que os vídeos melhoram sua compreensão e/ou retenção de informação. 

Outros 22% disseram que melhora um pouco, 11% acham que os vídeos não mudam o entendimento e a retenção de informação, já 8% não tem certeza já que depende do contexto e do tipo de informação. 

As redes sociais mais acessadas e seus diferentes casos de uso

As plataformas para compartilhamento de vídeo se tornaram parecidas nas funcionalidades que oferecem, como vídeos curtos, recursos de live e vídeos mais longos. No entanto, de acordo com Lucas Amarildo, cada plataforma cria uma conexão diferente com quem a consome, e quem produz precisa entender muito bem essa lógica.

"Produzir conteúdo para o YouTube exige persistência e uma longa jornada para fortalecer sua comunidade. Na maior parte das vezes, estamos falando de vídeos mais longos, com informações mais densas e que permitem aprofundar no conteúdo que estamos oferecendo", explica.

Para ele, quando se pensa em outras plataformas, há a necessidade de um apelo visual mais forte, histórias que criam conexões rapidamente e incentivem o compartilhamento. "Isto é o mínimo que precisamos entender para criar uma estratégia de resultados." 

No caso dos vídeos curtos, a própria dinâmica de edições rápidas e trilhas sonoras cativantes, somadas ao teor do conteúdo, são capazes de liberar dopamina e causar um efeito de gratificação no espectador. Entender isso também ajuda a dar um norte sobre qual tipo de abordagem ou conteúdo incluir na estratégia de produção de vídeo.

Quando se trata de escolher a rede social favorita para consumir vídeo, o YouTube (64%) ainda lidera as preferências entre os respondentes que usam redes sociais de vídeo. Vale lembrar que, entre todas as plataformas de vídeo analisadas, o YouTube é a veterana e servir de repositório de vídeos já é seu objetivo desde que a plataforma foi lançada. O Brasil é o terceiro país com mais usuários nessa rede social, sendo que sua relevância é tão grande que 5 de cada 10 usuários costumam ficar com o aplicativo do YouTube aberto o dia inteiro ou várias vezes por dia. 

Em seguida aparece o Instagram (23%), que embora tenha nascido como uma rede social para o compartilhamento de fotos, ao longo dos anos sua mantenedora, a Meta, foi adicionando ferramentas relacionadas à publicação de vídeo. 

O TikTok (10%) e o Kwai (4%) aparecem, embora em menor percentual, como favoritos para alguns respondentes. Vale lembrar que ambas as plataformas se tornaram um marco no mercado porque são responsáveis pela consolidação da tendência por consumo de vídeos curtos. A partir delas, redes mais tradicionais, como YouTube e Instagram, lançaram suas próprias funcionalidades de vídeos curtos.

Nessas plataformas, é possível "brincar" com o formato de vídeo publicado. Elas oferecem a possibilidade de realizar lives (os vídeos ao vivo), também a possibilidade de compartilhar vídeos curtos e efêmeros –quando o vídeo desaparece depois de 24 horas. Como parte do plano de vídeo marketing, cada empresa deve considerar seus objetivos e decidir que plataforma de rede social de vídeo é a melhor opção para sua campanha. 

A seguir, compilamos os tipos de conteúdo possíveis de serem criados de acordo com o recurso oferecido pelas redes sociais de vídeos.

Gráfico mostra tipos de conteúdo possíveis nas redes sociais de vídeo

Usuários de plataformas de vídeo para pesquisar online se engajam em conteúdo de passo a passo

Plataformas de vídeo costumam garantir um repositório variado de conteúdo. No entanto, são informações relacionadas a como fazer algo que se convertem no conteúdo que as pessoas mais pesquisam nas plataformas de vídeo: 76% dos usuários de plataformas de redes sociais de vídeo disseram que pesquisam esse tipo de informação. Trata-se do tipo de conteúdo que inclui mostrar como fazer uma receita, por exemplo. 

A vantagem do conteúdo de passo a passo é que ele pode ser adaptável a diferentes tipos de negócios e aproveitado de diferentes maneiras. Um fornecedor de games pode fazer vídeos explicativos de como jogar tal game. Uma varejista pode realizar vídeos explicativos sobre como usar diferentes produtos de sua gama.

Neste caso, é possível impulsionar uma campanha de uso de vídeo ao contratar influenciadores para que eles possam mostrar como fazer algo. Com isso a marca consegue aliar uma necessidade –mostrar um passo a passo– a um personagem que pertence a um determinado segmento, o que pode ajudar a impulsionar uma campanha por meio da própria reputação do influenciador escolhido –ferramentas de influenciadores podem ajudar na tarefa de selecionar uma pessoa relevante no universo digital e administrar o relacionamento com ela.

Conteúdo engraçado ou de entretenimento (64%) –que mencionaremos em seguida–, notícias (61%) e vídeos educativos, como webinar, cursos e palestras (60%) também são os formatos que os usuários costumam procurar.

Conteúdo de humor também chama atenção nas redes sociais de vídeo

O Brasil é um país que leva humor a sério, basta ver o engajamento das pessoas com os memes. Mais descontraído, esse tipo de formato possui forte poder de propagação e, como dito anteriormente, é um dos principais tipos de conteúdo que as pessoas buscam em plataformas de vídeo (64%).

Na opinião de Júlio Emílio, um dos responsáveis pela página de meme Saquinho de Lixo, que também se tornou uma consultoria digital para empresas, qualquer marca conseguiria trazer humor e entretenimento para uma campanha de marketing. Entretanto, é importante se atentar à linguagem, já que as marcas se comunicam com um público específico, e não só o tipo de forma de abordar é diferente, mas a forma de fazer humor também. "Se o meme está mais ligado a uma geração específica, a marca poderia abordar humor e entretenimento em vídeo de forma a conversar com aquele público", explica Júlio.

No consumo de vídeo, o humor é um dos tipos de conteúdo favoritos dos entrevistados

Para ele, uma geração mais veterana pode gostar de um humor ao estilo de "vídeo cassetada", enquanto uma pessoa mais jovem pode preferir uma imagem totalmente pixelizada de baixa qualidade que alguém anônimo postou no Twitter.

Muitas empresas já se aproveitaram de conteúdos mais humorísticos para fazer suas campanhas de marketing, e o formato segue relevante. Segundo Sofía de Carvalho, também responsável pela página de meme Saquinho de Lixo, a vantagem do humor é que ele consegue trazer uma leveza e, ao mesmo tempo, simpatia para qualquer assunto, seja ele o oferecimento de um serviço ou um problema social ou global.

"Apostar no humor é uma forma inteligente de criar uma conexão, porque ao se deparar com algo que foge do usual –um trocadilho, uma piada interna, uma sensibilidade específica– quem está recebendo aquela mensagem estabelece uma 'predisposição simpática' a gostar de algo", afirma.  

O diferencial do conteúdo de humor em redes sociais de vídeo 

Consumo de vídeo é maior entre membros da geração Z

Engajar-se com vídeos parece ser algo unânime entre as gerações: em maior ou menor grau todas acabam sendo consumidoras de vídeo. No entanto, há algumas particularidades no consumo de vídeo, especialmente quando se trata da geração Z.

Por exemplo, a geração mais nova parece ser a que utiliza plataformas de vídeo com a maior frequência –mais de cinco vezes por dia– para realizar suas buscas online: 53% dos membros dessa geração sinalizaram tal frequência frente a 48% da geração Y, 40% da geração X e 29% dos baby boomers.

Em comum, todas as gerações possuem o YouTube como plataforma favorita para consumir conteúdo em vídeo. Porém, os baby boomers se destacam nesse favoritismo, já que 84% citaram o YouTube, enquanto esse número baixa para 74% entre os membros da geração X, 65% entre os pertencentes à geração Y e 45% entre as pessoas da geração Z.

Já no caso da Geração Z, o TikTok assume protagonismo também (23%). Nenhuma outra geração possui um valor próximo a esse percentual.

Como se comunicar com o seu público

O primeiro passo que as empresas devem realizar para se comunicar melhor é investigar quem é seu público através de plataformas de gestão de clientes, que podem ajudar a entender o perfil demográfico da base de clientes, ou por meio de ferramentas de análise de redes sociais, que auxiliam no entendimento dos usuários que visitam as páginas de redes sociais de um empresa. Em seguida, é necessário investigar qual plataforma tem melhor inserção em cada grupo. No caso da geração Z, por exemplo, essa geração lida melhor com o TikTok, como mostram os dados do GetApp.

Todas as gerações, com exceção da geração Z, disseram que o principal tipo de conteúdo que pesquisam nas plataformas de redes sociais são vídeos que mostram como fazer algo: baby boomers (81%), geração X (79%), geração Y (76%).

No entanto, esse é outro caso em que a geração Z se diferencia das demais gerações. Os membros dessa geração têm como preferência conteúdo engraçado ou divertido (73%). 

Próximos passos

Com a diminuição da complexidade e a popularização de equipamentos capazes de filmar em boa resolução, as redes sociais de vídeo se tornaram uma opção na estratégia de comunicação das empresas, incluindo as PMEs brasileiras. Na hora de agregar essas plataformas à sua estratégia, é importante entender o perfil de cada rede social, além dos tipos de conteúdo que são publicados ali, já que isso impactará diretamente na capacidade da companhia de seguir produzindo conteúdo e desenvolvendo suas ações de vídeo marketing.

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Metodologia 

Os dados reunidos no levantamento sobre a descentralização dos motores de busca foram reunidos em fevereiro de 2023 e contaram com a participação de 1.033 respondentes, com idades entre 18 e 75 anos, de todas as partes do Brasil. 

Para responder à pesquisa online, os participantes deveriam realizar pelo menos uma busca online por mês. Neste artigo, foram usadas as respostas de 656 participantes que sinalizaram utilizar redes sociais para empregar buscas online e, entre elas, demonstraram usar plataformas de vídeo para essa finalidade.

Outros países que lançaram a mesma pesquisa contaram com a mesma segmentação, com uma variação na quantidade de respondentes: 

  • Austrália: 1.075
  • Canadá: 1.004
  • Itália: 1.015
  • Reino Unido: 1.021

Os resultados são representativos da pesquisa, mas não necessariamente da população como um todo.


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Sobre o(a) autor(a)

Marcela Gava é analista de conteúdo sênior com mais de 14 anos de experiência na cobertura de tendências em diversas áreas que impactam as empresas. Ela atua como redatora orientada por dados e pesquisadora de tendências, concentrando seus artigos em tópicos de cibersegurança, tecnologia da informação (TI), finanças e cultura digital. Marcela já escreveu aproximadamente 50 pesquisas e análises que se baseiam em mais de 2 milhões de avaliações autênticas de compradores de software no GetApp para ajudar as pequenas e médias empresas (SMBs) a encontrar as melhores soluções de tecnologia para suas necessidades. Além disso, os insights fornecidos por seus artigos ajudam as PMEs a tomar decisões mais informadas e assertivas. Suas pesquisa foram apresentados em alguns dos mais importantes veículos da mídia brasileira, como: Época Negócios PEGN Forbes Brazil Terra Folha de S. Paulo Ela também participou de importantes podcasts de tecnologia no Brasil, como o The Shift, e teve os resultados de seus estudos apresentados na versão brasileira da newsletter LinkedIn News.

Marcela Gava é analista de conteúdo sênior com mais de 14 anos de experiência na cobertura de tendências em diversas áreas que impactam as empresas. Ela atua como redatora orientada por dados e pesquisadora de tendências, concentrando seus artigos em tópicos de cibersegurança, tecnologia da informação (TI), finanças e cultura digital. Marcela já escreveu aproximadamente 50 pesquisas e análises que se baseiam em mais de 2 milhões de avaliações autênticas de compradores de software no GetApp para ajudar as pequenas e médias empresas (SMBs) a encontrar as melhores soluções de tecnologia para suas necessidades. Além disso, os insights fornecidos por seus artigos ajudam as PMEs a tomar decisões mais informadas e assertivas. Suas pesquisa foram apresentados em alguns dos mais importantes veículos da mídia brasileira, como: Época Negócios PEGN Forbes Brazil Terra Folha de S. Paulo Ela também participou de importantes podcasts de tecnologia no Brasil, como o The Shift, e teve os resultados de seus estudos apresentados na versão brasileira da newsletter LinkedIn News.